De um pulo pra cá criei uma faísca na adversidade que sempre
me encontrei. O sangue na minha pele pode ser de outra cor, pode ser da cor do
latido do cachorro mais distante daqui. A tal da ponte que construí foi sem
querer, como quando a gente automaticamente dirige para o caminho errado e só
se dá conta quando não há retorno. Se a via é de mão única, bem Benjamim, o
pulo deve acompanhar o suspiro do sujeito que assiste o filme da diva. E não
sei mais se ele dorme ou se só fecha os olhos com medo de tanto sorriso noir. A
vida é feita de manchetes, ações curtas que, algumas vezes, se desdobram em
longas reportagens em cadernos especiais. Ou em uma nota na coluna social; ou
num anúncio pago no caderno de classificados, como naqueles dias em que nos
sentimos tão frágeis que qualquer telefonema nos leva ao canto do vento. É
tarde e ouço gritos de criança. Junto os farelos de pão no prato com a ponta do
dedo. Disperso a atenção da tela procurando meu ponto final. A irritação com a
criança é imperiosa. Como disse Torquato: pra mim chega.
Nenhum comentário:
Postar um comentário