sexta-feira, 6 de junho de 2014

Presa na política do tarot

Mais uma vez escrevo sobre você que não conheço. E me sinto como os dominicanos Betto, Fernando, Ivo ou Tito, que pela arbitragem do destino almejam a liberdade a cada dia vivido sem o ir incerto em cada caminho ditado pelo desconhecido. Escuto falar de você e seguro para não me levar ao desespero, como o conceito ensinado pelos citados acima acerca da liberdade.

O amor é a liberdade na incerteza. Me sinto só e revoltada porque sei que você vai chegar de dezembro a março, como o fim da pena de um preso político que almejou apenas o bem do outro, como sonho com nossos encontros onde só te quero bem. E seguro minha revolta que se expande em cenas de torturas e noites não dormidas, renegadas pelo desejo simples de reivindicar aquilo que um dia será meu. Como o conceito de mudança de presídio, onde saio de um relacionamento e me encaixo em outro. De Presídio Tirandentes a Penitenciária do Estado ou, quem sabe, Carandiru.

Se uso a radicalidade dessa metáfora é porque me sinto presa a tal solidão, como cela forte naquela época, onde o isolamento se fazia contraditório a todo movimento tão perto e, entretanto, distanciado pelas paredes do tempo em que não te encontro. E vivo a injustiça, um pedacinho que esses lindos homens viveram contra o regime ditatorial (e tenho certeza, se tivesse nascido nessa época provavelmente não escreveria mais nada).

O sonho é a liberdade, e é esse o meu alicerce. Agora tenho um tempo, agora tenho uma idade indefinida, depois tenho uma geografia e proibições que me servem como guia. Apenas me revolto com esses meses pesados, como prisioneira política mesmo, onde não dialogo com meu fardo de existir naquilo que eu mesma defini antes de aqui estar.

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