domingo, 6 de abril de 2008

Maria Betânia e Omara Portuondo




Não escrevo aqui há muito tempo. A falta da internet em casa me afastou do blog. Mas depois a internet voltou e as palavras estavam cansadas, como eu estou. Mas hoje é domingo e na última sexta feira passei por um momento de um encontro com o divino que só a arte nos leva: o show de Maria Betânia com Omara Portuondo.
Cortina fechada inicia-se a música e já encontramos Minas."Debulhar o trigo..." Nossa. Abrem-se as cortinas e desuda-se o palco estrondoso do querido Grande Teatro do Palácio das Artes com a banda partida em dois lados. Na direita Betânia e na esquerda Omara. Retornos coloridos, chão com proteção para os pés descalços de Betânia. À partir daí uma sucessão de emoções me tomam em todas as direções. Páro de respirar, choro como uma criança, rio, lembro, sinto calores, meus pés coçam com vontade de subir ao palco e ficar ao lado dessas duas cantoras/atrizes.
Me sinto tão pequena frente a força e a sinceridade de cada uma delas.
Me sinto tão privilegiada por poder compartilhar desse momento de louvor ao presente. A arte de palco é um louvor ao presente.
Não posso falar das canções que as duas entoaram ou das suas interpretações. Posso falar do meu esturpor, da minha boca seca, do meu palpitar infinito durante aquelas duas horas.
Omara é linda. De um carisma e de uma alegria que só os velhos são capazes. Sua voz e sua presença de palco demonstra a intimidade construída em toda uma vida.
Betânia é...
Betânia é maravilhosa.
Escuto Betânia desde muito cedo e sempre sonhei em ir à um show dela. Mas o que vi naquela palco foi muito além de tudoo que tinha pensado. É de uma verdade gritante.
Ela é de uma força contrangedora, de uma luz, uma calma, doce, doce, como o canto de Oxum...
Betânia é mulher certa. É, é isso mesmo, ela é mulher certa. Ela é artista certa.
Não posso falar mais nada só destacar que esse foi um dos momentos mais divinos da minha vida, uma das coisas mais lindas que vi, uma das experiências mais fortes que vivi, umas horas tão desconcertantes que foram jogadas diretamentes para o meu inconsciente e a noite sonhei com aquele palco novamente. E sempre vou sonhar.