sábado, 26 de junho de 2010

Sempre em três - regra três?

Pois sempre me sinto perdida. Mesmo quando estou em casa, sem luz, me sinto assim um pouco zonza, com uma vontade lá no fundo de chorar. É a falta de graça das coisas, que começam sempre bem mas caem na insistente forma de pensar: viva a monotonia.

Tenho sentido um medo terrível do mundo acabar e eu ter ficado em casa, sem ter provado toda a maravilhosa tecnologia japonesa e todos os benefícios da era moderna. Meu sujeito me adorna dialeticamente entre a vaidade e a desconsideração.

Devo perdoar a todos mas não consigo perdoar o meu pai. Estou acostumada a fazer todas as coisas no escuro porém a dor do seu abandono voluntário me jogou na cara o quanto sou despresível. A troca é a vida.

Um casal de cachorros só se ama quando ela está no cio. Aí eles dormem juntos, andam pelos matos e brincam descompromissadamente. Passada essa fase ele volta à rotina de ir para a garagem procurar melhores oportunidades. E ela espera o próximo cio.

Devemos fazer cenas, sempre. Só assim chamamos atenção. Grunhir sem razão deve ser a máxima da existência. Dar voltinhas ao redor da comida e choramingar por um olhar qualquer. Depois se cansar e mudar de ambiente.

Minha menstruação agora é como uma doença já esperada. A barriga dói a cada primeiro dia do ciclo. O pior é quando me dói a psique. Grito por dentro e mordo minha raiva dessa merda de vida.

Todas as placas informativas, descritivas, educativas ou obrigatórias no Brasil são relativas. Só valem de acordo com a vontade de quem as lê – ou de quem as coloca. Um PARE pode virar um foda-se facilmente.

O candomblé é o rito do poder do mistério. Onde se pode ir, como se pode ir, o que se pode comer ou o que está por debaixo de cada balaio faz-se a relação entre os adeptos. Quanto mais panos mais feitiço. É como uma dançarina do ventre. Véu e revelação.

1,2,3,
2,1,3,
3,1,2,

Bonitinha a matemática!

Me acusam de delirante. Busco afetos impossíveis, não dialogo com o local, logo, não quero o possível. Cruel coração desejante, que almeja o infinito e acaba na triste empiria de simplesmente ser cotidiano.

Se penso que tenho mesmo que amar o meu vizinho logo reflito: será o meu vizinho tão diferente de mim que irei deseja-lo ou terei um tédio imenso ao imaginar que a única coisa que irei encontrar será o meu espelho?
Ando tão perdida que nem tarô, nem jogo de búzios e nem conversas com Exu tem dado jeito. Não sei mesmo o que fazer, abandono o que construí ou me resigno ao destino que insiste em me tirar o sono e me acordar com a lembrança do desejo.

Encontrar velhos amigos é como acelerar o carro. Sei bem como fazer, sei até virar o volante, acredito na tecnologia mas o tempo, ou meu ou o do carro, me faz sentir que a pista, apesar de comum, pode ter um novo buraco daqui a pouco mesmo.

Queria ser muito mais feiticeira do que sonho. Manipular as energias do universo é uma espécie de transa narcísica, falamos com o todo através daquilo que mais queremos. Quero tudo e nada mais me importa.

Amo o álcool. Sua força em me colocar meio estranha é como bocejar com muito gosto em frente ao Maestro. Nada mais me convence. Apenas o estranho desejo de beber mais e mais a cada dia agonizante.

Sou fraca, principalmente no que escrevo. Repetitiva, como nos personagens que interpreto ou nos falsos amores que vivo. Vivo ou invento? Penso que de noite fujo da ressaca que me imponho por distração. E corro para escovar os dentes.

Admito: estou viciada em internet. É uma espécie de diálogo com o impossível, com o inacreditável, com um amor que é apenas meu que é tão belamente dolorido e tão facilmente vivido por quem tem a cabeça no infinito. Ou seja, eu.

Ando burra. Se começo a ler logo adormeço. Imposição do inconsciente que me faz travar o racional que tanto almejo. Acho que meu cérebro pede pausa por pura preguiça, assim como todo o meu corpo que pede sexo passivo.

Não sei porque insisto em dividir quando a ordem do dia é negar. Me perco na entrega, não jogo, não delimito justamente nos momentos onde deveria me afastar. Truco! Blefo onde não há mesa e no meu quarto ganho todas de todos. Sozinha mesmo.