segunda-feira, 11 de maio de 2009

Seu mistério me elogia

Às vezes me pergunto o que aconteceu.
E logo desisto da pergunta, porque não quero saber mesmo.

Me sinto sem metáforas, com um objeto claro dentro do meu desejo.
E isso me tortura, porque sempre fui ampla no mesmo território.
Agora já não tenho mais território.

Os meus 30 anos de fato me cheiram a inovação: um novo signo, um novo amor, um novo país. Acredito que o relógio cobrava o seu acontecer.

Como se eu tivesse me preparado por todo esse decorrer para desprovir-me de todas as máscaras e dar conta - sim, dar conta - de tudo aquilo que sempre fui, com uma maturidade construída.

Não que eu tivesse me escondido ou representado mas agora tenho a tranquilidade antes atropelada pela juventude.
Tá, não consigo entender a razão de querer começar tudo com você.

Sempre te disse que sabia que você iria chegar mas não esperava que fosse para mudar tudo de tudo de tudo totalmente assim!
(Não sei se devo pensar demais porém é inevitável. Quando percebo já pensei. É bom acordar e pensar em você.)

Agora me lembrei daquela sua agenda de anotações, belo suporte confuso da sua arte ainda obscura para mim.
Como gosto disso.

Gosto também de saber que ainda tenho tantas coisas a descobrir sobre você.

Tá de novo, não resisto e cito Chico Buarque: "Ah! Meu amor, para sempre, nunca me conceda descansar...".
Nunca meu amor. Nunca.

Seu mistério me elogia.
Sua sorte me intriga.
Seu humor me absorve, até quando és irônico gosto da sua displicência.

Sou alguém que quer tudo.
Vagueio à margem, pulo cercas, danço ao redor de fogueiras dentro de florestas perto de pântanos onde ninguém aparece porque, várias vezes, não são belos nem bons.
Tenho medo do ridículo mas logo me esqueço dele.
Sou fraca e insensível.

Pois, vou te contar um segredo: há várias mulheres dentro de mim. Enquanto uma diz algo a outra lá de dentro contradiz a de fora.

Louca dentro do quarto, em cima de uma cama e caseira no palco.
Bicho do mato, tímida e voraz com o desconhecido.
Amo o abismo do meu lugar familiar e só ando de muletas. Preciso delas.
Não sei escrever nadinha de nada e então me sinto tão bem que quando digo nossos disparates torno-me uma rebelde novamente.
Você fala que tenho que sentir medo. Sinto medo. Mas um medo gostoso, bom mesmo, um medo do fim da inércia que me coloquei por descuido.
Porque amo tudo que não sei. E não sei de você.

Mas sei da gente e acho que somos um grande barato mesmo tendo um imenso mar como distância empírica.

Ok, ok, ok, trabalho contra a minha angústia do imediato - embora não possa perdê-la nunca.
É ela que me faz caminhar.
E o movimento é o viver.

Foda-se: quero dormir com você.

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